Noure Cruz comenta: Pequenos olhares, grandes histórias...
A viagem é ótima para a expressão escrita. E que peço desculpas aos meus alunos no passado quando sem a prática visual, imaginava que o Rio São Francisco seria o limite natural da Bahia com os demais estados. É como alguns também que não compreendiam porque na maior parte do Brasil as chuvas são de primavera/verão, como as que caíram nos últimos três dias. Acontece que para se chegar a Bahia além lago, deve-se passar por Pernambuco, especialmente Petrolina, que, com suas lindas paisagens, oferece uma rota que entre juremas, quipés, encontram-se grandes aranhas que cruzam o asfalto ao entardecer em busca do oeste, para onde caminha o sol em seu lindo crepúsculo, acrescentando ainda a grande quantidade de caprinos, ovinos, jumentos e afins que permancem na rodovia como verdadeiros donos do cenário e, inclusive, soube por companheiros de trabalho que viajavam comigo que o governo do estado está estruturando cercas nas margens da rodovia que caminha conosco para as entranhas do cenário que será foco de nossas atenções, citando aí Casa Nova, Pilão Arcado, Sento Sé e principalmente Remanso por ser ponto de origem de uma médica veterinária que faz de suas atividades de campo, algo prazeroso e imagine que a fiscal em referência, Denise Della Cella, ao chegar em sua cidade quase natal e seu bom lar acolhedor de alguns da gente e inclusive eu que escrevo, procurou lagrimar o espaço por encontrar seu jovem pai com cabelo pintado e este, orgulhoso por ter ao seu lado naquele momento, tão boa profissional comandando uma equipe de homens com encaminhamentos de opiniões sobre o que se fazer nos dias seguintes. Aí é que começa uma outra história.
Aliás, a história de nossa ida ao cenário tão bem cantado por Sá e Guarabira, o sertão vai virar mar e o mar virar sertão, não só começou em Juazeiro, quando um outro fiscal, Charles, me parece, já em reunião conosco, detalhava o que acontecia em cada ponto que visitaríamos como se os de lá, criadores de gado de algumas espécies, estivessem no coito das mancambiras e gravatás, como se fossem Pajeu, Conselheiro e seus quase 30 mil homens do arraial de Canudos, hoje mergulhado no Cocorobó, sendo aí uma outra história.
Pois a história que cabe na leitura aqui é só e somente só sobre os caminhos do lago do Sobradinho, além Rio São Francisco, na divisa com o Piauí e, que me desculpe tão bom parceiro de outras histórias que dirige a diretoria de defesa animal do Piauí, o colega e amigo Raimundo Mendes, o RJPiauí. Sim, que me desculpe por ser uma zona ainda frágil no que se refere a febre aftosa e qualquer animal que de lá chegasse, precisamente de São Raimundo do Nonato, na Bahia, seria sacrificado, o que aconteceu com seis ovelhas, uma cabra e um porco. A polícia acompanhante e, nossa defesa nas pessoas dos tão bons servidores, Brás, Patrick, Luisinho, responsáveis pelas intervenções iniciais e Denise, Beinho, Ozano, Jorge, Leliana e eu, que sutilmente fechei os olhos para não enxergar a queda do animal na vala, praticaram a dignidade do trabalho e a preocupação para se manter a Bahia livre de febre aftosa com vacinação.
A equipe na realidade não se resumiu aos citados. Era ampla e oriunda de todas as freguesias, intituladas de COREGs. Itapetinga, Barreiras, Jequié, Irecê, Juazeiro, Ribeira do Pombal, Itabuna, Salvador, estavam na dianteira dos trabalhos. A polícia deu o toque especial às nossas inquietações frente ao trânsito ilegal de animais, propriedades supostamente suspeitas por incorreções nos dados cadastrais. Imagine que paralelo às atividades, uma equipe do Maranhão veio observar nossas práticas em defesa agropecuária e ficaram satisfeitos, cientes de que estamos no bom caminho e que no futuro, poderão enxergar tão bons nortes em suas habilidades no estado quase vizinho.
Uma coisa interessante que nossa presença por lá, criou sensação de que toda população tomou conhecimento e uma ideia concreta sobre tal sensação, foi quando eu, o colega Beinho e Ozano, lá chamado de D'jango, por usar chapeu, óculos escuros, ser louro e lembrar o bom faroeste e estávamos quase lá, já que a região limita-se com a coreg de Barreiras. Um parênteses para dizer que nem queria colocar aqui que a polícia da caatinga fez questão de tirar fotos com o tão ilustre Django. Sim, estávamos sentados tomando um suco no anoitecer de Remanso e conversa vai e vem com o garçon, este disse que apareceram uns cabras e quase que não se foi boi ao matadouro, quase que não se tinha carne e que muitos levaram multas por trazerem animais pra feira de gado sem a conhecida GTA. Django saiu orgulhoso levantando, baixando o chapeu para cobrir seus olhos azuis e seu rosto marcado pelo tempo com amadurecimento que lhe é notório.
Nas paralelas de diálogos, todos estavam entrosados. De um bom amigo de nome Palito, muito ansioso com as ações, passando por Patrick que em delírios do sol a pino, supostamente perdera a chave do veículo e vendo miragens em forma de oásis e camelos, vindo a melhorar apenas ao chegar no hotel e ao abrir a bolsa com calma, lá estava a tão preciosa chave. São Luizinho agradeceu aos ceus e São Brás não ficou atrás. Também incomodou a todos, anunciando a boa nova e desconstruindo o mal necessário, de perder a chave em tão belo momento de atividades e ações. Sim...Do passando por Patrick, até chegar a Dado que estaria preocupado com as diárias que chegariam no outro dia e eu de igual maneira e, alías todos e, a chegada destas, já sinalizava que se poderia comprar um bom presente para a família e assim, com satisfação pelos trabalhos que no dia 21 de outubro iniciara às quatro horas da manhã e que resultou não só em uma boa educação sanitária, mas, aos já avisados, a aplicação de multas. Aos que estavam com documentação correta, foi certeza de que seus animais estavam tendo a direção do comércio e o lucro seria evidente.
Fica assim...Encerrar um texto com dados técnicos, acredito que não cabe muito bem nas leituras do final. Achei! Posso encerrar dizendo que para mim foi o entendimento prático de que além Velho Chico e do outro lado do lago, existem cidades como ´Pilão Arcado, Casanova, Remanso e não vou dizer como Sá e Guarabira: adeus, adeus! Mas, ir lá logo, logo e romper a divisa em direção a São Raimundo do Nonato para conhecer na prática as pinturas rupestres e ajudar ao amigo Raimundo Piauí, a seguir o bom caminho da defesa sanitária animal. Valeu a todos e muitos ainda estarão entrando na tão linda caravana que mistura tão boas gerações da ADAB, remontando inclusive alguns da antiga Gerfab, só que agora sem fardas, mas, como eles, densos de energias para se gastar na presença solar do sertão além Chico. Para descontrair por tão longo texto, fica para um próximo texto e se não desejar me avise que não envio, já uma imagem que não é nossa, mas representa muito, alguns transportes de animais pelas terras do globo e, imagine que a OIE, o MAPA e a ADAB e a ASTEFIRBA, possuem um papel fundamental no combate aos maus tratos dos animais em trânsito.
Por Noure Cruz - Técnico em Fiscalização Agropecuária da ADAB, historiador e atual presidente da ASTEFIRBA.
A ASTEFIRBA nasceu sob a égide de um fórum de discussão para regulamentação da carreira. Segue boa interação levando aprendizagens e aplicando ações relacionadas ao meio ambiente, uso do solo, fiscalização de transportes rodoviários, legislações ambientais e de defesa sanitária animal e vegetal da Bahia, bem como a inspeção de seus derivados, consciente de que o bem estar social e o ambiente sustentável, são as palavras chave do momento histórico-social.
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Muito interessante!!!
ResponderExcluirlegal!!